MOISÉS SBARDELOTTO
Mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), São Leopoldo/RS. Bolsista do CNPq. É colaborador do Instituto Humanitas Unisinos (IHU) e ex-coordenador do Escritório da Weltethos Stiftung no Brasil. Possui graduação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. 1

 

 

 

 

Resumo: A comunicação digital configura um novo tipo de interação comunicacional religiosa. Com o surgimento de uma nova ambiência religiosa impulsionada pela midiatização digital do fenômeno religioso, estabelece-se uma nova interação entre o fiel – por meio da internet – com elementos de sagrado. Este artigo visa, primeiramente, a apresentar conclusões de pesquisa realizada sobre interações entre fiel-Igreja-Deus para a vivência, a prática e a experienciação da fé em rituais online do ambiente católico brasileiro. Em seguida, apresenta inferências para nova pesquisa sobre a construção e a circulação comunicacionais de representações sociais do “católico” na Rede, nos chamados “espaços terceiros”, ambientes que, para além da experiência, remetem à experimentação religiosa; para além do âmbito privado, apontam para o aspecto público do fenômeno religioso em suas manifestações online; para além da prática, visam à construção de uma determinada identidade e imaginário religiosos.

Palavras-Chave: Midiatização; religião, interação, representações sociais.

 

Resumen: La comunicación digital configura un nuevo tipo de interacción comunicacional religiosa. Con el surgimiento de una nueva ambiencia religiosa impulsada por la mediatización digital del fenómeno religioso, se establece una nueva interacción entre el fiel – a través de internet – con elementos del sagrado. Este artículo pretende, en primer lugar, presentar conclusiones de investigación realizada sobre interacciones entre fiel-sagrado para la vivencia, la práctica y la experiencia de la fe en rituales en línea del ambiente católico brasileño. A continuación, presenta inferencias para nuevas investigaciones sobre la construcción y la circulación comunicacionales de representaciones sociales del "católico" en la red, en los llamados "espacios terceros", ambientes que, más allá de la experiencia, remiten a la experimentación religiosa; más allá del ámbito privado, apuntan al aspecto público del fenómeno religioso en sus manifestaciones en línea; mas allá de la práctica, visan a la construcción de una determinada identidad y imaginario religiosos.

Palabras-Chave: Mediatización; religión; interacción; representaciones sociales.

 

 

1. Introdução

Existe hoje, por meio das tecnologias digitais e da internet, a configuração de um novo tipo de interação comunicacional-religiosa. Com o surgimento de uma nova ambiência social, impulsionada pelo desenvolvimento de tecnologias comunicacionais digitais e online, estabelece-se uma interação entre o fiel – por meio da internet – com elementos de sagrado3, o que possibilita uma experiência espiritual-religiosa4 por meio da Rede. Ou seja, as pessoas passam a encontrar uma oferta da fé não apenas nas igrejas de pedra, nos sacerdotes de carne e osso e nos rituais palpáveis, mas também na religiosidade existente e disponível nos bits e pixels da internet. O fiel, onde quer que esteja, quando quer que seja – diante de um aparelho conectado à internet –, desenvolve um novo vínculo com o transcendente e um novo ambiente de culto.

Esse fenômeno remete ao que diversos autores chamam de processo de midiatização, ou seja, as mídias já não são mais compreendidas como extensões dos seres humanos, mas, sim, como o ambiente no qual tudo se move: um novo “bios virtual”, um “princípio, um modelo e uma atividade de operação de inteligibilidade social” (Gomes, 2010, p.21). Segundo Mata (1999, p.86), o agir humano, a partir da manifestação da midiatização, revela “o novo caráter ‘ontologicamente privilegiado dos meios de comunicação’ como produtores centrais da realidade”. Essa nova ambiência para a construção de sentido social e pessoal por meio das mídias foi antevista, de certa forma, por McLuhan (1964, p.10), ao afirmar que “toda tecnologia gradualmente cria um ambiente humano totalmente novo”, ambientes que “não são envoltórios passivos, mas processos ativos”. Em suma, “a sociedade percebe e se percebe a partir do fenômeno da mídia, agora alargado para além dos dispositivos tecnológicos tradicionais” (GOMES, 2008, p.21). Como amplo fenômeno social, a religião também é embebida por esses mesmos protocolos. Assim, hoje, o religioso já não pode ser explicado nem entendido sem se levar em conta o papel das mídias. Por isso, é relevante analisar o que o fenômeno religioso em uma sociedade em midiatização revela acerca da mídia.

Analisamos alguns desses elementos em nossa pesquisa de mestrado (cf. Sbardelotto, 2011a; 2011b), em que buscamos compreender as interações comunicacionais desenvolvidas nas práticas religiosas online. Naquele contexto, buscávamos compreender como se davam as interações entre fiel-Igreja-Deus para a vivência, a prática e a experienciação da fé nos rituais online do ambiente digital católico brasileiro. Assim, examinamos as estratégias desenvolvidas para a oferta do sagrado, por parte do sistema católico online5, e as estratégias de apropriação desenvolvidas pelo fiel. Mas restaram perguntas não respondidas, lacunas e âmbitos não investigados. São esses elementos que nos impulsionam a prosseguir a nossa pesquisa.

Este artigo, portanto, visa a apresentar os principais resultados de nosso estudo anterior (sobre como “o Verbo se fez bit”), apontando para novos problemas a serem pesquisados no estudo que iniciaremos este ano (com o título provisório “E o Verbo se fez Rede”: Uma análise da construção e da circulação de representações sociais do “católico” na internet), para um exercício de crítica, delineamento e aprofundamento. Primeiramente, apresentaremos os horizontes da pesquisa anterior, os principais autores/conceitos estudados, os objetos analisados e as principais conclusões obtidas. Em seguida, faremos a “passagem” para a proposta de nosso próximo estudo, ainda em estágio embrionário, a partir de nossos novos questionamentos, apontando para os horizontes de pesquisa ainda abertos à investigação. Por fim, buscamos apontar, como pistas de conclusão, como, para além dos bits, se dá a midiatização do fenômeno religioso no âmbito das redes.

 

2. O Verbo em bits: Modalidades interacionais em rituais online

Em um processo de midiatização do fenômeno religioso, passam a surgir novas modalidades de experienciação da fé, a partir do deslocamento das práticas religiosas para a ambiência comunicacional da internet. “As pessoas estão fazendo de forma online grande parte daquilo que fazem offline [também em termos religiosos], mas o fazem de forma diferente” (Dawson & Cowan, 2004, p.1, tradução nossa).

Todo esse fenômeno é ilustrado, na prática, pela existência, no ambiente católico, de inúmeros serviços religiosos online que oferecem possibilidades para a prática religiosa fora do âmbito tradicional do templo: versões online da Bíblia e de orações católicas; orientações via internet com líderes religiosos; pedidos de oração online; as chamadas “velas virtuais”; programas de áudio e vídeo, como missas, palestras e orientações; “capelas virtuais”, dentre muitas outras opções. Ou seja, aquilo que aqui chamamos de rituais online, em que o fiel experiencia a sua fé e interage, por meio do sistema religioso online, com Deus.

Assim, em nossa pesquisa anterior, buscamos analisar o funcionamento das interações entre fiel-Igreja-Deus para a vivência, a prática e a experiência da fé nos rituais online do ambiente digital católico brasileiro, examinando particularmente, por meio de uma metodologia analítico-qualitativa, um corpus de pesquisa composto por quatro sites católicos: A126, CatolicaNet7, Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus – Província do Paraná8 e Pe. Reginaldo Manzotti9.

Analisamos, portanto, um fenômeno que se encontra em uma interface do sistema comunicacional com um amplo âmbito social, o sistema religioso, interface que se dá em um processo criativo, contínuo e complexo, que deve ser analisado em “sua totalidade, com suas relações, conexões e interconexões” (Gomes, 2009, p.13). Assim, buscamos ultrapassar o objeto em si para buscar a apropriação da totalidade dos processos midiáticos, e não mais sua fragmentação em produção, conteúdo, veículo, público, recepção (cf. Gomes, 2009). Ou seja, não visamos a analisar objetos concretos e separados, mas sim suas interações (cf. Manovich, 2000). Entendemos por interação, por conseguinte, uma ação-entre: “Ações recíprocas que modificam o comportamento ou a natureza dos elementos, corpos, objetos ou fenômenos que estão presentes ou se influenciam” (Morin, 1997, p.53). Em nossa perspectiva de análise, são as ações, retroações e transações entre fiel-sistema para a construção de sentido religioso. Por meio dessas transações, fiel e sistema se “agitam” mutuamente e assim se inter-relacionam: em suma, se comunicam.

Por isso, partimos do conceito de sistema, “um complexo de elementos em interação” (Bertalanffy, 1977, p.84). Morin (1997, p.100) concebe essa noção como “unidade global organizada de inter-relações entre elementos, ações ou indivíduos”, que possui algo mais do que a soma de seus componentes: “a sua organização; a própria unidade global (o ‘todo’); as qualidades e propriedades novas emergentes da organização e da unidade global” (Ibid., p.103). Por isso, em nosso estudo, valemo-nos dessa definição para analisar os sites católicos como sistema católico online, e a religião em geral como um macrossistema ou sistema religioso, do qual os sites são uma micromanifestação.

Baseados nessa abordagem sistêmico-complexa, cremos que só há comunicação se houver interação. Como a interação fiel-sistema não está dada nem ocorre automaticamente, mas depende de complexos dispositivos, inferimos e analisamos em nossa pesquisa três âmbitos que favorecem esse vínculo e experienciação religiosos: a interface (as materialidades gráficas dos sites), o discurso (coisa falada e escrita) e o ritual (operações, atos e práticas do fiel), que, a partir da internet, vão conhecendo novas possibilidades e limites. Neste artigo, em nível de síntese, apresentaremos uma definição resumida de cada conceito e breves exemplos ilustrativos retirados do site A12.

Com relação à interface, vimos que o sagrado que é acessado pelo fiel passa por diversos níveis de codificação por parte do sistema. Analisamos quatro deles: 1) a tela; 2) periféricos como teclado e mouse; 3) a estrutura organizacional das informações (menus); e 4) a composição gráfica das páginas em que se encontram disponíveis os serviços e rituais católicos. Ocorreria, por conseguinte, uma interposição da técnica, claramente manifestada, na interação entre fiel e sites católicos, pela presença de elementos tecnológicos e simbólicos que estão a serviço das interações propriamente ditas, que ocorrem no interior do sistema católico online. Assim, buscamos analisar não apenas quais significados circulam pelos sistemas midiáticos, mas como, “em tais sistemas tecnológicos, pode-se dar a emergência de sentidos em geral. Ou seja, como a partir do não-sentido (a dimensão material dos meios) surgem as condições para a manifestação do sentido” (Felinto, 2011, p.8).

Por meio de instrumentos e aparatos físicos (tela, teclado, mouse) e simbólicos presentes na linguagem computacional e online (navegadores, menus, ambientes), vimos que o fiel “manipula” o sagrado ofertado e organizado pelo sistema e navega pelos seus meandros. Definimos como interface, portanto, o código simbólico que possibilita a interação fiel-sistema e também a superfície de contato simbólico entre fiel-sistema. Ou seja, a interação é possibilitada porque o fiel decodifica o sagrado a partir da configuração computacional ofertada pelo sistema. Por meio da interface, o sistema informa ao usuário seus limites e possibilidades, e este comunica ao sistema suas intenções. O sistema indica ao fiel não apenas uma forma de ler o sagrado, mas também uma forma de lidar com o sagrado, que raramente é neutra ou automática: ela carrega consigo sentidos e afeta a mensagem religioso-comunicacional.

Por outro lado, percebemos que o contato entre fiel e sagrado passa pelo discurso, pela narração da fé. Chamamos de discurso uma “realidade material de coisa pronunciada ou escrita” (Foucault, 2008, p.8), o fluxo constante de construção de sentido religioso por meio da linguagem nas páginas dos sites. Por isso, o discurso analisado fazia referência às trocas comunicativas e às conversas simbólicas que se estabelecem na internet entre sistema e fiel, por exemplo, nas orações ou testemunhos online, escritos pelos fiéis, disponíveis nas páginas dos sites católicos. O discurso textual, assim, seria a cristalização e a sedimentação de uma interação que ocorreu entre ambos: nele encontramos as marcas que nos indicam como se deram as trocas comunicativas (cf. Bettetini apud Scolari, 2004).

Nos sites analisados, encontramos a presença de uma rede visível de interações, realizadas e estimuladas no interior do sistema a partir de três atores: o fiel (propriamente o internauta orante); um “outro” (por quem o fiel intercede, tornando-se também mediador, ou a quem o fiel se dirige para que interceda por ele – como outro fiel internauta); e um “Outro”, o destinatário último (Deus, Nossa Senhora ou os santos) (Fig. 1).

FIGURA 1 - Diagrama das interações discursivas em rituais online

O diagrama acima mapeia esses fluxos de forma gráfica: a interação discursiva “fiel-Outro”, dirigindo-se a Deus, representada pela linha contínua; “fiel-outro”, com os demais internautas, representada pela linha pontilhada; “fiel-outro-Outro”, quando o fiel solicita a intercessão de outro internauta ou de um mediador do sistema para chegar a Deus, representada pela linha tracejada; e “fiel-Outro-outro”, em que o fiel intercede e se torna mediador, via sistema, diante de Deus por outra pessoa, representada pela linha tracejada e pontilhada.

Por fim, o terceiro âmbito que favorece a experiência religiosa do fiel são os rituais. Até então celebrados no templo físico, eles agora se deslocam para o ambiente online (como, por exemplo, as “velas virtuais”). Compreendemos, assim, os rituais online como atos e práticas de fé desenvolvidas pelo fiel em interação com o sistema para a busca de uma experiência religiosa. “O ritual [online] esclarece mecanismos fundamentais do repertório social” (Peirano, 2001, p.14), que não são apenas formas de lidar com o sagrado disponível na internet, mas sim verdadeiras formas de pensamento e de existência na era das mídias digitais. Desviando o foco das estruturas ou instituições sociais, é importante situar-se justamente “no meio dessas coisas, onde indivíduos e comunidades podem ser vistos ativos na construção de sentido” (Hoover & Clark, 2001, p.2, tradução nossa), como nos rituais online.

Destacamos, a partir de nossas observações, duas formas de interação ritual online: as interações rituais de fechamento e as interações rituais de abertura. Nas interações rituais de fechamento, o fiel recebe do sistema os elementos necessários para vivenciar sua experiência religiosa. Ou seja, o fiel cumpre um contrato previsto pela oferta apenas fazendo uma operação de “ativação” de determinado ritual – o restante fica por conta do próprio sistema. O sistema não é irritado pelo fiel, não é afetado, nem transaciona (só oferta) conteúdo religioso com ele. Esse processo de fechamento leva o sistema a estar “isolado do seu ambiente”, como um sistema fechado, no qual “o estado final é inequivocamente determinado pelas condições iniciais” (Bertalanffy, 1977, p.64). Dentre as opções desses rituais oferecidas pela “Capela Virtual” do site A12, no link “Terço Virtual”10, o fiel pode rezar “o terço passo-a-passo online” (Fig. 2).

FIGURA 2 - Oração do "Terço Virtual" na "Capela Virtual" do site A12

Nessa interação ritual, o fiel, de clique em clique, pode apenas manusear o terço digital, passando de oração em oração nos links “Anterior” e “Próximo”. Portanto, podemos dizer que as interações rituais de fechamento ocorrem por meio de um processo de diferenciação entre o sistema católico online e o ambiente (neste caso, o fiel) (Fig. 3).

 

FIGURA 3 - Diagrama demonstrativo da "interação ritual de fechamento"

Para Luhmann (1990, p.305, tradução nossa), o ambiente constitui “o pressuposto da identidade do sistema porque a identidade é possível apenas mediante a diferença”. Portanto, sistema e fiel interagem, mas o processo de fechamento do sistema faz com que apenas o fiel saia “diferenciado”, “alterado” dessa interação. A interação é possibilitada por um ritual online em que o sistema fecha-se a qualquer elemento externo por parte do fiel, utilizando apenas uma construção simbólica de sagrado ocorrida totalmente no interior do sistema digital.

Diferentemente, na segunda modalidade, as interações rituais de abertura ocorrem quando o fiel não apenas se conecta ao sistema e se apropria do que lhe é oferecido (como na reza do terço), mas também interfere nesse sistema, insere matéria religiosa emseu interior. Assim, provoca-se uma desestabilização do sistema do seu ponto original. São interações rituais em que o sistema abre-se internamente para a interferência (construção simbólica) do ambiente (fiel) em seu interior. Essa modalidade de interação ritual ocorre, por exemplo, nas chamadas “velas virtuais”. Para acender a sua vela na “Capela Virtual” do site A1211, o fiel é solicitado pelo sistema a preencher um formulário (nome, e-mail, cidade, Estado) e escrever a sua intenção. Além disso, pode optar para que a oração se torne pública e ainda enviar a “vela virtual” para um amigo (Fig. 4).

FIGURA 4 - Ritual "Vela Virtual" do site A12

Agora, o fiel tem acesso ao interior do sistema, interfere nele e deixa ali a sua marca – que ficará acessível aos demais fiéis. O sistema abre-se a esse fiel, permite (ou convida, ordena) a interação – dentro de suas regularidades. Embora o fiel não tenha acesso ao software que comanda o sistema, sua interferência (suas orações, seus testemunhos, sua “teologia”, até mesmo desviante do catolicismo doutrinário, em alguns casos) provoca alterações que poderão afetar a experiência religiosa de outros fiéis. O sistema se expõe a essa interferência. Nesses casos, é o fiel também que diz e narra o religioso.

Portanto, nas interações rituais de abertura, ocorre um processo de interpenetração entre sistema e fiel. Interpenetração, segundo Luhmann (1990, p.354, tradução nossa), “não se trata da relação geral entre sistema e ambiente, mas sim de uma relação intersistêmica entre sistemas que pertencem reciprocamente um ao ambiente do outro”, ou seja, quando um sistema insere no outro, reciprocamente, sua própria complexidade interna. É isso que ocorre nas interações rituais de abertura, pois sistema e fiel trocam e transacionam matéria religiosa, o que, como resultado final, causa uma alteração das condições anteriores ao início da interação em ambos os interagentes (Fig. 5).

FIGURA 5 - Diagrama demonstrativo da "interação ritual de abertura"

Contudo, os processos de fechamento do sistema operam conjuntamente com processos de abertura, já que, especialmente nos sistemas vivos e sociais, não existem sistemas totalmente fechados ou totalmente abertos ao meio ou a outros sistemas. O que existem são graus de abertura e de fechamento. Assim como uma fronteira (que proíbe e autoriza a passagem), um sistema abre-se para fechar-se (preservando a sua complexidade) e fecha-se para abrir-se (trocar, comunicar) (cf. Morin, 1997).

Portanto, a partir de nossas análises, o que pudemos perceber é que a fé praticada nos ambientes digitais aponta para uma mudança na experiência religiosa do fiel e na manifestação do religioso, por meio de novas temporalidades, novas espacialidades, novas materialidades, novas discursividades e novas ritualidades. Assim, a religião como tradicionalmente a conhecemos está mudando, e a “nova religião” que se descortina diante de nós nesse “odre novo” traz também um “vinho novo”12, que caracteriza a midiatização digital (suas formas características de ser, pensar, agir etc. na era digital). Junto com o desenvolvimento de um novo meio, como a internet, vai nascendo também um novo ser humano e, por conseguinte, um novo sagrado e uma nova religião, por meio de algumas microalterações.

Por um lado, temporalmente, os tempos e períodos tradicionais da vida litúrgica da Igreja mudam fortemente na internet. Agora, um ritual religioso pode ser feito a qualquer hora do dia e em qualquer lugar, independentemente dos horários e da localização dos demais membros da comunidade religiosa. O sistema se encarrega de mediar essa interação. Os processos lentos e vagarosos da ascese espiritual (os “séculos dos séculos”, “até que a morte os separe”) vão sendo agora substituídos pela lógica da velocidade absoluta. Passamos assim a viver a fé na expectativa de onitemporalidade e de imediaticidade (tudo deve estar disponível agora, já) (cf. Brasher, 2004).

Por outro lado, há um deslocamento espacial da experiência religiosa: a celebração feita do outro lado do mundo pode ser agora assistida pelo fiel em seu quarto – e é ele quem decide quando vai começar, ao clicar no play. Assim, instaura-se uma nova forma de presença: uma “telepresença”, como indica Manovich (2000), possibilitada pela produção de presença encarnada nas representações e simulações de sagrado disponíveis no sistema católico online. Mas a essência dessa nova modalidade de presença é a não presença, a “antipresença”. Não é necessário que o fiel esteja lá fisicamente para estar lá digitalmente.

Além disso, a fé digital traz consigo uma materialidade totalmente própria: numérica, de dígitos que podem ser alterados, deletados, recombinados de acordo com a vontade do sistema e/ou do fiel, embora com resquícios de uma religiosidade pré-midiática (como o uso de “velas”, por exemplo). Hoje, acrescentam-se novas camadas intermediatórias entre fiel e Deus, agora tecnocomunicacionais. Porém, tudo isso, pode passar despercebido pelo fiel, reforçando a transparência da técnica: a sensação de sagrado construída pelo sistema promove (ou reforça) a crença de que o fiel está diante de (e apenas de) Deus, sem atentar para todas as processualidades e lógicas da técnica comunicacional.

Discursivamente, o fiel constrói sentido religioso por meio de narrativas fluidas e hipertextuais, marcadas por uma constante transformação. As relações e vínculos criados pelo discurso nesse ambiente também são fragmentários, já que o fiel seleciona e escolhe a sua alteridade discursiva (terrena ou divina). O deslocamento, em suma, se dá em direção à lógica do acesso (cf. Marchesini, 2009), em que o pertencimento-participação não se estrutura por uma localização geográfica, mas sim por uma ambiência fluida em que só faz parte dela quem a ela tem acesso. E são comunidades instauradas comunicacionalmente: sem a interação digital, elas se desfazem.

Ritualisticamente, os atos e práticas de fé desenvolvidos pelo fiel por meio de ações e operações de construção de sentido em interação com o sistema constroem-se agora na internet. Manifesta-se, assim, não apenas uma liturgia assistida pela mídia, mas também uma liturgia centrada, vivida, praticada e experienciada pela mídia, em que esta também oferece modelos para as práticas, o espaço e o imaginário litúrgicos.

A partir da midiatização digital do fenômeno religioso, vai ocorrendo uma metamorfose da fé, isto é, a criação de uma metaorganização que surge a partir de um ponto de saturação da organização original, “que, embora tendo os mesmos aspectos físico-químicos, produz novas qualidades”, que começa “por uma inovação, uma nova mensagem desviante, marginal, pequena, muitas vezes invisível para os contemporâneos” (Morin, 2010, s/p). Somada aos diversos outros âmbitos sociais e históricos que evidenciam esse processo, essa metamorfose, mantendo alguns dos aspectos tradicionais da fé, produz novas qualidades do religioso a partir de sua midiatização digital. Porém, por meio da midiatização, revelam-se apenas algumas faces desse sagrado, que não se limita a essas manifestações. O sagrado escapa ao midiático. Paralelamente aos ambientes online, continua-se vivendo, praticando e experienciando a fé nos tradicionais espaços de culto, em crescentes tensões e desdobramentos.

Como vimos, portanto, em nossa pesquisa anterior, buscávamos entender como “o Verbo se fez bit”, como uma metáfora da “encarnação” comunicacional do Deus cristão nos meandros da internet. Por isso, analisamos o âmbito da vivência, da prática e da experiência da fé (católica) em tempos de internet. Entretanto, essas são apenas algumas das manifestações do religioso no ambiente digital. Restaram dúvidas, pontos não investigados, lacunas, desejos de aprofundamento. Para além da interação com o sagrado em bits (o logos católico digital) em ambientes declaradamente católicos, o que o fiel faz e como lida com o sagrado em ambientes “públicos” da Rede, ou seja, como se constrói o imaginário religioso católico (o pathos católico digital) na Rede? O que os usuários fazem para além da oferta religiosa disponível na internet, em termos de reconstrução e de circulação dos sentidos e discursos religiosos, por meios dos fluxos comunicacionais do ambiente digital, especialmente nas chamadas redes sociais online?

 

3. O Verbo em Rede: Representações sociais do “católico”

Em ambientes digitais como Facebook, Twitter, YouTube etc., há inúmeros sentidos religiosos em circulação, por meio de certas lógicas e regularidades. Ou seja, se o Verbo se fez bit, ele agora também se faz rede – e, portanto, circula, flui, desloca-se nos meandros da internet por meio de uma ação social não apenas do âmbito da “produção”, mas por meio dos infindáveis conteúdos disponibilizados pelos internautas. E cada indivíduo reconstrói esses sentidos, desloca esses discursos. Assim, para além da experiência religiosa (como os rituais online analisados em nossa pesquisa anterior), interroga-nos agora a experimentação religiosa. Para além do caráter privado da fé online, interroga-nos também o aspecto público do fenômeno religioso em suas manifestações comunicacionais digitais. Para além de uma prática de fé, interroga-nos também a construção de uma determinada identidade e imaginário religiosos, que influem sobre aquela prática.

Nas páginas eletrônicas analisadas em nosso estudo anterior, estão contidas as versões oficiais e autorizadas da tradição e da doutrina católicas. Mas, reconhecendo que vivemos em sociedades cada vez mais em midiatização, processo que abrange e envolve também o âmbito religioso, o fluxo comunicacional dos sentidos não se deixa deter ou delimitar por estruturas quaisquer. A Igreja, ao se posicionar em uma arena pública como a internet, se coloca em um cruzamento de discursos outros, que não lhe pertencem e lhe escapam, mas que colaboram para a construção midiática da imago publica do “catolicismo” – justamente sua imagem e representação sociais. Os usuários da internet, nos mais diversos âmbitos da rede, especialmente naquilo que se convencionou chamar de “redes sociais online” – mas não só –, também falam sobre o “católico”13. Na internet, os fluxos de sentido em rede moldam e fazem circular comunicacionalmente (por meio de imagens, textos, vídeos etc.) “construtos” católicos, por meio dos quais, pela circulação comunicacional, a sociedade diz “isto é católico”, “isto não é”. Agora, são os fiéis comuns que também tomam a palavra e dizem o “católico”, midiaticamente, para a sociedade em geral, reconstruindo e ressignificando a doutrina e a tradição da Igreja, provocando deslocamentos e alterações muito relevantes para a pesquisa, especialmente mediante as trajetórias comunicacionais dos sentidos e discursos. No fluxo comunicacional de sentidos e ideias incessante que marca as mídias digitais, o “católico” seria, assim, uma complexa construção social a partir dos mais variados âmbitos de circulação comunicacional, sem posições fixas de “produção” e “recepção”.

Nesse contexto, percebemos em alguns lócus de análise específicos da internet, por meio das interações entre os usuários, uma prática constante de (re)construção e circulação comunicacional de representações sociais do “católico” enquanto “modos de pensamento que a vida cotidiana sustenta e que são historicamente mantidos por mais ou menos longos períodos” (Moscovici, 2011, p.218). É esse “sistema de valores, ideias e práticas” (Moscovici apud Duveen, 2011, p.21) sobre o “católico”, como substrato básico de conversação, que possibilita que a comunicação seja possível entre os membros da comunidade católica e destes com a sociedade em geral.

Por isso, é importante perceber que “as representações são sempre um produto da interação e comunicação” (Duveen, 2011, p.21) e que, vice-versa, “sem a representação, não haveria comunicação” (Ibid., p.22). Assim, a representação social, além de um “produto” da interação, também se refere à própria ação comunicacional realizada pelas pessoas para construir e fazer circular “uma ‘rede’ de ideias, metáforas e imagens, mais ou menos interligadas livremente” (Ibid., p.210), neste caso, sobre o “católico”. As representações sociais, dessa forma, “são fenômenos específicos que estão relacionados com um modo particular de compreender e de se comunicar – um modo que cria tanto a realidade como o senso comum” (Ibid., p.49, grifo nosso). Compreender a construção e a circulação comunicacionais de representações sociais do “católico”, portanto, é contribuir para a compreensão de um modo particular de comunicar da sociedade em midiatização.

O que chama a atenção é que esse processo comunicacional se dá em ambientes online sem qualquer vinculação com a fé católica – ambientes, portanto, públicos, como as redes sociais online citadas anteriormente, por exemplo. Cremos que é nesses ambientes que se revela – e também se constitui – concretamente o que Hoover & Echchaibi (2012, p.16, tradução nossa) chamam de “espaços terceiros” (third spaces), ou seja, ambientes fluidos “entre o privado e o público; entre a instituição e o indivíduo, entre a autoridade e a autonomia individual, entre os grandes enquadramentos midiáticos e o prossumo (prosumption) individual”. Nesses ambientes, se dá a revisão, a transformação, a invenção, a construção, a circulação de representações sociais do “católico”, segundo certas lógicas e protocolos. Mediante a prática interacional do internauta – as interações concretas entre internauta e site, ou de internautas entre si, rastreáveis por meio das marcas deixadas na internet – são geradas tensões entre a identidade/prática oficial da Igreja e a identidade/prática católica social, tensões essas que evidenciam as processualidades comunicacionais contemporâneas de cocriação dos sentidos e discursos sociais.

Dessa forma, a representação sociomidiática do “catolicismo” acaba sendo não apenas, nem principalmente resultado do âmbito da produção eclesial oficial – mas sim de um processo social de circulação comunicacional. Fiéis ou não à doutrina e à tradição católicas (isso cabe à teologia analisar), a representação social do “católico” (prática comunicacional) e as representações sociais dela derivantes (construtos) passam a gerar “o” sentido do “católico” na internet. Justamente o processo comunicacional desse fenômeno é que está em nosso horizonte de pesquisa.

 

4. Considerações finais

Em síntese, a partir de nosso estudo anterior, que visava a analisar como se dão as interações entre fiel-Igreja-Deus para a vivência, a prática e a experienciação da fé nos rituais online do ambiente digital católico brasileiro, nossa nova proposta de pesquisa pretende examinar um processo sociocomunicacional em que, a partir das interações ocorridas entre usuários nas redes sociais online, são construídas representações sociais do “católico” na internet. Estas, depois, circulam entre os internautas, sendo reconstruídas, tensionadas, em fluxo contínuo, sedimentando – dentro da fluidez do digital – um imaginário religioso. Todos esses processos alimentam e dão corpo àquilo que se chama de circulação comunicacional. E assim, além de bit, o Verbo também se faz rede.

Segundo Felice (2008, p.57, grifos nossos), a “sociedade mediada pelas tecnologias digitais e autoconstituintes através das redes tecno-sociais colaborativas” é uma “sociedade sem Deus nem verdades, mas em devir e, sobretudo, a código aberto, isto é, visível e transparente e aberta à participação colaborativa de todos”. Esse deslocamento conceitual “define as sociabilidades e as culturas contemporâneas como realidades que nascem nas redes e nos fluxos informativos digitais e que, em seguida, tomam formas e espaços em localidades e topografias conectadas” (Ibid.). Portanto, essa sociedade a código aberto aponta também para uma “religião a código aberto”, em que os fiéis, por meio de interações comunicacionais, se apropriam do religioso, reconstroem-no e representam-no socialmente, dando vida ao “catolicismo das redes”, possibilitando que “o Verbo se faça rede” e permeie, assim, consequentemente, a sociedade em geral: um processo de “contaminação criativa [...], portador de uma ética não mais autoritária, mas tecnologicamente experimental e socialmente não duradoura” (Ibid., p.58).

Pois, se “as sociedades existem enquanto sociedades por construírem um espaço público em que interesses e projetos privados podem ser negociados para alcançar um ponto sempre instável de tomada de decisão compartilhada rumo ao bem comum” (Castells, 2007, p.258, tradução e grifos nossos), é importante analisar como, por meio da construção e circulação comunicacional de representações sociais do “católico”, se dão essas negociações de sentido mediante as interações comunicacionais.

Nesse sentido, as redes sociais online, enquanto ambiência para a construção e a circulação comunicacional das representações sociais do “católico”, constituiriam um lugar possível de observação das processualidades da mídia. Ou seja, nas redes manifestam-se “determinadas matrizes interacionais e modos práticos compartilhados para fazer avançar a interação” (Braga, 2011, p.5) entre os participantes. Nesses “sistemas de relações” ou “ambientes de experiência”, podemos analisar como esse dispositivo se organiza “social e praticamente como base para comunicação entre participantes” (Ibid., p.11), indo além, portanto, de uma análise meramente tecnológica ou computacional das redes sociais online. Assim, podemos reconhecer que, de certa forma, a essência das redes não está na rede, mas sim em seus modos de uso e de apropriação pela sociedade, que reconstroem continuamente suas especificidades técnicas, “trabalha[ndo], satura[ndo], modela[ndo] e transforma[ndo] todas as relações dos sentidos” (Mcluhan & Zingrone, 1998, p.385), inclusive religiosos.

 

Referências

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Notas

1. Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Práticas interacionais e linguagens na comunicação” do XXI Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós), na Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil, de 12 a 15 de junho de 2012.

3. Por sagrado, entendemos aquilo que se costuma chamar de Deus, a “dimensão de imanência e transcendência” (BOFF, 2002), o “Totalmente Outro” (BOFF, 2002), o “superior summo meo” (superior a tudo, sempre maior) (BOFF, 2002), o “numinoso” (do latim numen = divindade) (MARTELLI, 1995).

4. Entendemos por experiência religiosa “uma relação interior com a realidade transcendente” (MARTELLI, 1995, p.135). Ampliando o conceito, Boff (2002, p.39) afirma que experiência é a “ciência ou o conhecimento que o ser humano adquire quando sai de si mesmo (ex) e procura compreender um objeto por todos os lados (peri)”, “objeto” que, na experiência religiosa, é o sagrado.

5. Entendemos por sistema “um complexo de elementos em interação” (BERTALANFFY, 1977, p.84), neste caso, os elementos comunicacional-religiosos dispersos nos sites católicos. Esse conceito será mais aprofundado a seguir.

6. Disponível em www.a12.com. O site A12 é a página oficial do Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, localizado na cidade de Aparecida, São Paulo.

7. Disponível em www.catolicanet.com. O CatolicaNet é uma “associação privada de fiéis de direito diocesano” da Diocese de Santo Amaro, em São Paulo, presente na internet desde 1999.

8. Disponível em www.apostolas-pr.org.br. O site reúne conteúdos sobre a congregação religiosa fundada em 1894 e presente nos Estados do PR, SC, RS, MS, além da Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.

9. Disponível em www.padrereginaldomanzotti.org.br. O Pe. Reginaldo Manzotti é o fundador da Associação Evangelizar é Preciso e diretor da Rádio Evangelizar AM 1060 de Curitiba.

10. Disponível em http://migre.me/4oXvz.

11. Disponível em http://migre.me/8xFAm.

12. Fazemos, aqui, referência ao trecho evangélico de Mateus 9, 17, que diz: “Não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”.

13. Por “católico” nos referimos ao construto social resultante das representações sociais daquilo que a sociedade como um todo considera como vinculado ou relacionado à prática e à identidade da Igreja Católica.